A jovem Zilah

Classificada pelo professor, o maestro Roberto Eggers, como soprano ligeiro, Zilah estudou canto lírico durante três anos, até que sua mãe, não resistindo às dificuldades financeiras, precisou que a filha adolescente trocasse as partituras por linhas e agulhas. Assim, aos quatorze anos, Zilah passou a dedicar-se ao aprendizado de corte e costura, enquanto já colaborava para o orçamento familiar, trabalhando como doméstica "em casas de família" e como lavadeira junto à sua mãe.

Anos depois, gozando de uma melhor situação econômica, Zilah pôde finalmente retomar seus estudos com o renomado maestro. Porém, a despeito de sua persistência e seu dom incontestável, o decorrer do tempo veio apresentar-lhe um novo impedimento, ainda mais sério: a cor de sua pele não combinava com a alvura européia dos personagens da música erudita. Infelizmente, por mais talentosa que pudesse ser, a jovem artista encontrou grandes dificuldades para ingressar neste universo seletivo, sofrendo com a questão limitante do preconceito racial que agora passava a ameaçar também suas aspirações profissionais.